terça-feira, 30 de agosto de 2011

"CURIOSIDADES DO MUNDO DA MÚSICA"


O IMPLACÁVEL RETRÔ*

Simon Reynolds nascido em Londres no ano de 1963, é jornalista e crítico musical, influente e bastante conhecido no meio musical por seus textos sôbre a música eletrônica e também por ter cunhado o têrmo post-rock.
Em seu livro "RETROMANIA", êle fala sôbre o impacto de ontem na música de hoje...
"Daqui a mil anos, quando os habitantes da lua descerem às profundezas do submerso planeta Terra em busca de provedores de internet, um dos primeiros pontos arqueológicos a serem discutidos talvez seja a curiosa obsessão da humanidade pós Google com o próprio passado.  Musicólogos pergutarão: por que o hit "Fuck You" de Cee Lo Green fez tanto sucesso em 2010 se soa como se tivesse sido feito nos ano 70?
Por que uma cantora inglesa causou tanto furor quando morreu agora em 2011, se um dos seus maiores hits foi tragado de uma canção de Marvin Gaye e Tammi Terrell, de 1966?
Ou talvez até por que tantos festivais brasileiros e mundiais ressuscitaram bandas grunge dos anos 90 para suas programações em 2011"?
São sôbre estas questões que o crítico Simon Reynolds aborda nêste novo livro, lançado êste mês nos Estados Unidos e que está sendo amplamente debatido na internet, principalmente o "fator passado, tempo e espaço".
O You Tube funciona de maneira comparável ao jeito que os fans trocavam raridades antigamente. As pessoas se conheciam através de anuncios em revistas ou rádio, e estas por sua vez promoviam a venda ou o escambo do material através dos correios. Agora êste processo é feito via You Tube, com muito mais facilidade. Hoje em dia é possível acessarmos o passado de uma maneira sem precedentes.
Quando eu era jovem, o passado estava em lugares específicos - nas bibliotecas, nas coleções de revistas antigas, nas enciclopedias e nos microfilmes, que era bastante difícil de se conseguir. Não encontrávamos um vídeo de Bowie ou de T-Rex ao vivo na TV britânica sem suor. Assim, a relação das gerações anteriores com o passado era outra, e por esta razão as pessoas se concentravam sómente no presente.
Hoje,voçê pode acessar o You Tube, ver e ouvir um remix que acabou de ser postado, e também poderá acessar algo feito nos anos 70 e 80 a qualquer minuto.
Um dos argumentos do livro "RETROMANIA", é que as pessoas vivem com a sensação de que o passado e o presente estão muito próximos um do outro.
As bandas novas estão expostas a isto. Antigamente elas eram influenciadas por coisas contemporâneas. Pensem na banda The Police...a música dêles dialogava com o movimento reggae que acontecia simultaneamente. As bandas de hoje em dia poderiam fazer isto. O equivalente seria buscar referências no grime da Inglaterra ou no funk carioca, existe a mesma probabilidade destas bandas se basearem em músicas obscuras dos anos 70, dos funk ou dos blues pré Segunda Guerra, por que a distância entre o passado e o presente é a mesma.
Alguns dos meus músicos favoritos dos últimos anos parecem estar vagando pelo passado, mas não houve um tipo de som que definiu a década - como o hip hop o fêz nos anos 80 e 90. Se voçê pensar em antigamente, até a forma de dialogo entre os estilos mudou. Nos anos 90, o house foi adaptado por bandas de rock, no final dos anos 90 houve o nú metal, que era o encontro do rock com o rap. Isto mudou. Pense em uma das bandas mais famosas na América hoje em dia, o "Mumford & Sons, êles fazem um revival de um tipo específico de bluegrass que já foi redescoberto umas três ou quatro vêzes nas últimas décadas.
Em vez do futuro, os músicos de hoje se preocupam com o que foi feito no passado...os melhores conseguem dar uma cara diferenciada a isto, mas na maioria das vêzes é sómente cópia.
O som da banda The Horrors, famosíssima no Reino Unido, tem influências óbvias, e parte do prazer de ouvi-los é conseguir apontar estas influências. Um jornalista britânico escreveu que o gênero dêles é o passado, o que é uma forma interessante de colocar o som, e na sequência, êle disse que o "passado é  nosso para a colheita". Esta metáfora me fez pensar que qualquer fazendeiro sabe, que, antes de toda colheita vem a plantação.
E o que estamos plantando para o futuro é uma questão ponderada. Eu gosto de Ariel Pink, e a  maneira exuberante com que ele entrelaça o pop dos anos 70 e 80, mas tenho certeza que ele não faz algo para o futuro.
* A palavra "Retrô ou Retro", é definida como sendo um estilo cultural desatualizado ou velho, uma tendência, hábito ou moda do passado pós moderno global, mas que com o tempo entra novamente em evidência funcionalmente ou superficialmente.

3 comentários:

  1. O autor e crítico Simon Reynolds, definiu muito bem no seu livro "RETROMANIA POP CULTURE'S ADDICTION TO ITS OWN PAST", o que está acontecendo atualmente no mundo da música...
    Antigamente chamava-se isto de Plágio....
    Parabéns Simon Reynolds!!!

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  2. Semel:Muy interesante la información que aportas sobre Simon Reynolds. Te felicito!!!

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  3. Redefinir e recriar a música é o caminho usado pelas novas gerações nos últimos tempos, mas há de se temer os resultados. Ainda há espaço para todos os ritmos e estilos mesmo com os computadores secando o lirismo e fazendo com que nada de especial aconteça apesar da desenfreada busca pelo som ideal.

    Quanto ao plágio realmente hoje é usado sem máscaras e acho abominável essa prática.

    Como curto Rock, Bossa, Ópera, Samba de Raiz, Jazz e Blues, não tem nem perigo de vir a me surpreender com esses novos sons.

    Um abraço, Semel

    Parabéns, pelo artigo, Semel! Um abraço

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